sexta-feira, outubro 03, 2008

Guerra dos Sexos: Permanente, Latente ou lnexistente?

Será que homens e mulheres têm, e terão sempre, interesses diferentes e conflituantes (independentemente das culturas)?
É uma pergunta que penso não ter resposta óbvia, directa, rápida...
Ao olharmos para a história da humanidade, assistimos a um alternar do domínio social, ora da mulher (primitivas sociedades matriarcais, dominadas pelo pode procriativo feminino) ora do homem (as mais recentes, talvez nos últimos 10.000 anos, sociedades machistas. dominadas pela força física, económica, política e cultural do homem) sem nunca se ter verificado (penso eu) uma situação de equilíbrio de forças...Assim, poder-se-á pensar que esse equilíbrio talvez não seja possível, por os interesses de ambos os sexos serem conflituantes, o que implica que só uns levem a sua a melhor.
Porém, no contemporâneo mundo ocidental as mulheres reivindicaram para si o direito à sua independência económica e social, algo que durante séculos lhes foi negado. Pretendem o fim do "império" machista e uma sociedade não discriminatória do ponto de vista do género, algo que está a ser gradualmente atingido.
Se pensarmos, então, que este é o tempo desse equilíbrio de forças, da partilha do poder, será que se atingiu a resolução do conflito de interesses (por uma mudança cultural que dissipou os interesses conflituantes com base no género)?
Mais uma vez, e com esta reformulação da pergunta inicial, as minhas dúvidas permanecem.
O facto é que existem provas científicas de que o género tem implicações em mais do que certas características físicas...:) A própria mente humana varia com o género (os homens estão mais preparados para tarefas específicas, para o focar e agir, enquanto as mulheres são mais capazes de efectuar multitarefas e ter pensamento lateral). Sendo assim, há razões objectivas para se pensar que homens e mulheres terão sempre alguns interesses diferentes, só pelo facto de serem homens e mulheres (respectivamente). A questão passará a ser, então, qual a dimensão dessas diferenças, e em que medida é que os interesses se tornam conflituantes. E é aqui que penso que a resposta se torna mais complexa, ou pelo menos, multidimensional: se por um lado há um conjunto (provavelmente grande) de interesses que podem ser moldados e tornados compatíveis (ex. distribuição das tarefas domésticas), outros poderão permanecer incompatíveis. E mais, alguns interesses podem ser compatibilizáveis do ponto de vista social (ex. especialização de trabalho não discriminatória em função do género) mas não do ponto de vista conjugal. Aliás, é a este último nível que penso existirem os maiores problemas: mulheres e homens conseguem compatibilizar-se socialmente mas tendem a conflituar uma vez sistematicamente juntos (uma vez casal).A ocupação dos tempos livres por cada membro do casal é um caso paradigmático de como os interesses podem divergir: os homens (em média) querem muito sexo (quase em qualquer circunstância), algum desporto, diversão nocturna (que até pode ser só jantaradas com os amigos) e jogatinas (bilhar, cartas, playstation, etc); as mulheres querem algum sexo (mas só em certas circunstâncias), conversa com as amigas, bons jantares, ler e ver séries americanas :). Esta diferença nos interesses pode tornar-se um verdadeiro empecilho à saúde de uma relação conjugal. É que mesmo contando com os interesses que ambos partilham (algo têm que partilhar para serem um casal) os que não partilham podem tornar-se demasiado salientes, deixando que se instale uma verdadeira guerra de sexos!
A pergunta final terá que ser: será que homens e mulheres se moldarão de tal forma que existirá uma convergência quase absoluta de interesses (nurture > nature) e a relação bígama heterossexual tem futuro, ou há impedimentos biológicos a essa convergência (nature > nurture) e o mais provável será a prevalência do indivíduo sobre as relações?
Respostas aguardam-se...

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