Ainda na senda das minhas preferências... A Banda Desenhada! Desde muito novo me habituei a ler BD ("Quim e Filipe" do Hergé talvez tenha sido a primeira) e nunca perdi o gosto (penso até que muito do meu humor foi aprendido através destas leituras). Actualmente, dois nomes são os meus preferidos: Quino (não só a Mafalda) e Gary Larson. O primeiro é argentino e mais conhecido cá em Portugal por causa da Mafalda (mas tem muitos mais livros). O outro, é americano e muito pouco conhecido por cá. Deixo-vos com cartoons dum e doutro, para abrir o apetite de quem aprecia BD.
Ainda na senda do cinema, queria também deixar um referência ao maior realizador de cinema português: João César Monteiro. Um génio louco que realizava, escrevia, escolhia a banda sonora e fazia a direcção de actores dos seus filmes. Em todos os seus filmes podemos encontrar o génio, ora nas imagens ora nas palavras. No seu último filme (antes de morrer)"Vai e Vem" (2003) duas cenas são notáveis: a do broche chinês e a verdadeira história de Cristo. A primeira encontrei no youtube, ficam com ela. A segunda, fiz a transcrição do texto, ficam com ele:
Broche chinês
Verdadeira história de Cristo: Transcrição de excerto do Filme “Vai e Vem”de João Cesár Monteiro (2003)
...
Fausta: A minha alma está parva...Levas-me para cada sítio!
João VuVu: Não tinha nada de extravagante...A casa pertence à Congregação de S. Vicente e graças ao serviço voluntário de devotas senhoras, angaria fundos que se destinam a obras de caridade. O padreca é que ensarilhou tudo...São séculos de intolerância tutelada por Turquemada. Resta-lhes a pedofilia, o Arcebispo de Millwakee, o Padre Frederico, etc...
Fausta: Parece que estive não sei onde...
JVV: Tens essa impressão de irrealidade porque estiveste, de facto, no outro mundo. Mas não te preocupes, regressaste viva de entre os espectros.
F: Cheirava a mofo.
JVV: É o cheiro do mundo das quimeras.
JVV: (Brindando)“Salud et deputaciones”
F: À tua
F: Pelo menos serviam bebidas alcoólicas...
JVV: É uma pequena concessão aos tempos modernos. A única, aliás...
F: É bom que haja alguém que se ocupe dos pobres...
JVV: Não têm feito outra coisa há que séculos. Há falta de melhor, até engenhocaram uma religião para os consolar.
F: A vida foi sempre má para os pobres.
JVV: Por isso é que se lembraram de enfiar uma grande patranha nos cornos de um carpinteiro a quem a mulher, uma puta judia, apareceu de barriga. “Que não desse ouvidos, não perdesse as estribeiras”, que o caso não era de repúdio, antes pelo contrário, tinha havido, é certo, intervenção divina. Obra de uma pomba. Mas estava tudo nos conformes. Em estado de graça. Mais e melhor, enquanto a aldeola ria a bandeiras despregadas, convenceram o néscio que a Boa Nova era para ser espalhada pelo mundo fora: finalmente, coisa nunca vista, ia nascer o filho de Deus. “Tarde piaste” arrepelava-se José, tocado pela Luz, “Ó Maria, descobrimos a imaculada fornicação e esqueci-me de apontar a fórmula!”. Olhou de soslaio para os pacóvios da terrinha, fez a trouxa e abalou com a mulher a cavalo num burro. Talvez tenha deitado contas à vida e chegado à conclusão que não ganhou para o susto. O Bendito fruto fez-se homem, e como qualquer pantomineiro que se preza, limitou-se a papaguear a lengalenga que toda a gente já estava farta de saber: que esta vida é um vale de lágrimas...
F: Morreu na cruz...
JVV: Pois morreu. E com grande alarido! Só ao fim de três dias é que conseguiram descalçar a bota. E logo arranjaram modo de o ressuscitar, para que a farsa acabasse em bem. Bem para Ele, e ainda melhor para nós. Faltavam umas rezas e umas benzeduras para edulcorar a outra vida. A do além (só d'Ele, é claro, bem conhecida, por lá ter estado na companhia do Pai). Nessa sim, é que iria ser bom. “Um mar de rosas, um regabofe” e, porque não, um encher até mais não “ademas per secula seculorum”
F: E qual é a solução?
JVV: Não há. O suicídio é uma solução. Se é, e há quem defenda que é, não me interessa. Só o problema é interessante. Nunca a solução. E o ser humano, ou o que dele resta, tem que ser capaz de viver com a insolubilidade da própria vida.
Um blog serve essencialmente para uma pessoa escrever o que pensa, o que sente, o que quiser, e partilhar isso com o mundo... Mas como não só de palavras escritas se faz a comunicção, a música entrou no meu blog e agora, os filmes também... Um dos melhores filmes de sempre, seguramente O filme de culto para a minha geração (nados em 1979), um filme que vale por tudo: pelas imagens, pela escolha dos actores, pela realização, pela banda sonora mas, muito, pelo texto!
Como sou um defensor da música portuguesa, não podia deixar de fazer referência ao meu cantautor português preferido: Manuel Cruz (dos infelizmente extintos Ornatos Violeta). Deixo, então, duas sugestões: "Nunca parto Inteiramente"- muito pouco conhecida, mas felizmente está no youtube e "Canção da Canção Triste" uma música incluida no seu disco mais recente do projecto "Foge Foge Bandido". Aqui fica!
PS1: a música do post anterior chama-se "A Flor e o espinho" e penso que é uma moda brasileira antiga PS2: há uma música do "Foge Foge Bandido" que está a passar na rádio. Chama-se "Borboleta". Estejam atentos :)
Decidi ressuscitar este meu blog que teve muito pouca actividade e estava parado há mais de dois anos... A ver se agora a coisa vai..
Para trazer bom agoiro, nada como boa música. Aqui fica, então ,Paulinho Moska, um cantautor brasileiro muito pouco conhecido em Portugal e que já tive o privilégio de assistir ao vivo (Casa das Artes de Famalicão, pois é...)
PS: Esta é uma música que fez parte do primeiro filme em que Penélope Cruz representa em Inglês... O filme é fraquinho, a banda sonora excelente