terça-feira, maio 30, 2006

Erros da Máquina Humana - I

O amor é dos temas mais debatidos em toda a história da humanidade. O que é? como se exprime? como se caracteriza?, etc., são perguntas que têm ocupado filósofos, poetas, cientistas e demais comuns mortais. Por ser um sentimento que todos os seres humanos experienciam (mais cedo ou mais tarde, de uma forma mais ou menos intensa e que nos dá prazer mas também nos pode trazer sofrimento (a sua perda)) não deixa de despertar as atenções e curiosidade de todos nós.
Hoje, queria compartilhar convosco algumas ideias que tenho acerca deste tema. Não tanto acerca do amor como o sentimento duradouro que liga duas pessoas mas da paixão, do chamado "amor à primeira vista". Aliás, normalmente é esta versão do amor que é a mais debatida e mais propagandiada (porque é a mais intensa). É essa versão do amor que nos é impingida em tudo que é filme romântico: seja uma tragédias, seja uma comédia - os dois olharam-se, apaixonaram-se, lutaram para estar junto (superando todas as barreiras possíveis e imaginárias) e viveram felizes para sempre. É essa versão que eu me proponho criticar, isto é, a noção corrente (que está no nosso imaginário) de que a paixão é o verdadeiro amor (ou de que, pelo menos, é através da paixão que se encontra o amor) está distorcida face à realidade e pode levar a alguma decepção e frustração aos indivíduos que fiquem à espera dessa utopia romântica... De facto, os mecanismos que nos conduzem à aproximação pelo outro têm muito mais de biológico do que de lógico...Os seja, o papel que as feromonas, a geometria da face, a géstica corporal, o timbre da voz, e demais sinais externos, desempenham na determinação do por quem é que nos vamos apaixonar é muitíssimo superior ao das características pessoais intelectuais, de sensibilidade, de moral, etc., que o outro tem. Ora acontece que são estas últimas, e não as primeiras, as características que mais interessam no que toca a avaliar as possibilidades de o outro ser compatível connosco, do outro ser um bom partido para o nosso amor. E mais, não há correlação perfeita (nem perto disso) entre as primeiras e segundas referidas características, o que faz com que, no final, só por sorte, só por mero acaso nos apaixonemos por quem relamente nos devíamos apaixonar...As más notícias são estas: para encontrarmos o amor duradouro não podemos ir "aonde nos leva o coração", pelo menos, não apenas "aonde nos leva o coração". Só com um conhecimento do íntimo do outro e com o descobrir de múltiplas cumplicidades podemos encontrar quem realmente podemos amar.

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